Há
199 anos, às margens do Rio Ipiranga, foi dado o Grito da
Independência. Quase 70 anos depois, a cena foi imortalizada no quadro
Independência ou Morte. Quase 200 anos depois, independência ainda é só
uma ideia romântica para a maioria dos brasileiros, que esperam um
salvador da pátria que resolverá os seus problemas e os do país. Esperam
que a salvação não venha deles próprios, mas do próprio sistema que
criou seus problemas, assim como a Independência do Brasil, feita pelo
filho do rei de Portugal e que, anos mais tarde, abdicou do trono
brasileiro para assumir o de Portugal.
Eu tenho um sonho que, um dia, aprenderemos que a independência tem de vir de nós mesmos.
Eu tenho um sonho que seremos, exigiremos e causaremos a transformação que queremos, ao invés de esperarmos por um messias.
Eu
tenho um sonho que compreenderemos que um país não pode viver às custas
do Estado porque é o Estado que sempre vive às custas do país.
Eu
tenho um sonho que saberemos que não existe independência real sem
independência financeira. Teremos de criar em nossas vidas, nas vidas
das organizações de que participamos e para o nosso Brasil, as condições
para que esta independência financeira possa acontecer, começando por
educar financeiramente a todos os brasileiros. Só o conhecimento
liberta.
Eu tenho um sonho
que compreenderemos o empreendedorismo como filosofia de vida e caminho
de construção do próprio futuro de cada um e não simplesmente como uma
forma de trabalhar. Que a atitude de empreendedores que criam seus
próprios negócios, mas também de atletas que vão atrás de seus sonhos
mesmo sem o apoio que merecem e de intraempreendedores que batalham para
mudar para melhor as organizações onde trabalham contamine a todos os
brasileiros.
Eu tenho um
sonho que reclamaremos e exigiremos muito, mas não pararemos por aí.
Principalmente, eu tenho um sonho que nossa busca por soluções será
muito maior do que a busca por problemas e desculpas. Que teremos
consciência de que a solução dos problemas depende de nós, de que
vitimização prolonga situações que não queremos e não devemos aceitar. A
salvação não virá apenas de queixas sobre o passado e o presente, nem
do mundo para nós. Ela só pode vir de nós para o mundo.
Eu tenho um sonho que temeremos menos as mudanças. Elas são inevitáveis.
Eu
tenho um sonho que saberemos que inovação oxigena a vida, as
instituições e os países. Sem ela, o status quo mofa e a vida padece.
Este
sonho não será realidade amanhã, mas quanto antes e quantos mais de nós
o vivermos, antes ele será real. Quando isso acontecer, seremos livres
afinal.
Ricardo Amorim, autor do bestseller Depois da Tempestade, apresentador do Manhattan Connection, economista mais influente do Brasil segundo a Forbes e Influenciador nº 1 no LinkedIn.